O corpo cria histórias sobre si mesmo.
Estas narrativas possibilitam ao corpo contar a sua história para si mesmo e partilhá-la com os outros.
Os mitos são histórias criadas pelo corpo para falar da sua forma de sentir, ver e estar no mundo, ajudam a identificar que voz fala mais alto dentro de nós a cada momento.
Então cada estrutura corpórea tem um modo mítico de pensar nascida da sua experiência.
E ao serem contadas coletivamente, as histórias míticas ecoam no coletivo cultural ao qual pertencem e tornam-se referências de comportamento para os sujeitos dessa sociedade. Assim, cada estrutura corporal tem uma verdade própria que necessita ser encorpada, vivida, experiênciada.
E essa verdade confere à pessoa um senso de identidade que é contada então pelos mitos coletivos.
Os estados subjetivos do corpo estão descritos nas histórias míticas.
As histórias das Deusas Gregas estão carregadas de possibilidades de corporificação para as mulheres, o corpo da mãe, da guerreira, da esposa, da filha, da amante, da irmã, da asceta. Todas passíveis de serem influenciadas, desenvolvidas através da formatação, dando mais ou menos forma ao arquétipo que as mulheres escolherem viver.
Toda a mulher representa o papel principal na solução do que diz respeito à sua própria história existencial.
Para isso as mulheres precisam fazer escolhas conscientes, que irão dar rumo às suas vidas. Exactamente porque elas costumam não ter consciência dos poderosos efeitos que os estereótipos culturais exercem sobre elas, as mulheres podem também não ter consciência de poderosas formas que actuam no seu íntimo. Essas formas influenciam o que elas fazem e o modo como elas sentem.
Esses poderosos padrões internos (ou arquétipos) são responsáveis pelas principais diferenças entre as mulheres. Por exemplo, algumas precisam da monogamia, do casamento, ou dos filhos para se sentirem realizadas. Elas afligem-se quando não conseguem os seus objectivos. Para elas os papéis tradicionais são significativos. Outras mulheres diferem notoriamente desse tipo, aquele que dá mais valor à sua independência, enquanto focam no alcançar dos seus objetivos, ou diferem ainda de outro tipo, aquele que procura intensidade emocional e novas experiências e, consequentemente, passa de um relacionamento para outro, ou de uma conquista para outra. Ainda um outro tipo de mulher procura a solidão, e descobre que a sua espiritualidade significa tudo para ela. O que é realidade para um tipo de mulher pode não ter sentido para um outro tipo, dependendo de qual é a deusa que está a actuar na mulher. Além disso, há muitas deusas numa determinada mulher, e quanto mais complicada ela for, tanto mais provável é que muitas deusas estejam a actuar nela. O que é realidade para uma parte dela pode não ter sentido para uma outra parte.
O conhecimento das deusas proporciona às mulheres um meio de se conhecerem a si próprias, conhecerem os seus relacionamentos com homens e mulheres, com os seus pais, namorados e filhos. Esses padrões de deusa oferecem também insights para aquilo que é motivador e até mesmo compulsivo, frustrante ou satisfatório para algumas mulheres e não para outras.
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