O processo inflamatório decorrente da endometriose pode causar vários sintomas, sendo o principal a dor durante a menstruação e a dor recorrente que ocorre durante ou após o ato sexual (dispareunia).
A dispareunia pode levar a mulher a evitar o sexo, ocasionando sofrimento, angústia ou dificuldade na relação com o/a parceiro/a tornando a mulher incapaz de participar da relação sexual como desejaria.
A experiência da dor vai assim limitar a actividade sexual para a maioria das mulheres com endometriose o que irá resultar em termos psicológicos numa baixa auto-estima.
Porquê? Um dos motivos é porque a paciente pensa que o problema é só dela. E como na maioria das vezes ninguém a alertou para esta realidade, a vergonha, o medo e a insegurança impedem-na de pedir ajuda num campo demasiadamente sensível e tão íntimo.
Por sua vez, o/a companheiro/a pensa que o problema é com ele/a. Como muitas vezes não há comunicação nem diálogo sobre esta questão, os meses vão passando e nada melhora. Um problema que já por si é avassalador leva a rupturas conjugais irreversíveis.
Há uma outra variável a contribuir para este quadro: a maioria das pacientes toma contraceptivos hormonais que, embora lhes alivie a restante sintomatologia associada à doença, em muitos casos provoca secura vaginal e inibição da líbido.
Quando a mulher apresenta estes sintomas a probabilidade de sentir dor na penetração é elevada. Se a isto ainda juntarmos endometriose no septo retovaginal ou nos ligamentos utero-sagrados, todo o quadro de dor piora e a penetração pode mesmo ser inexistente, uma vez que, por tudo isto, ocorrerá contração dos músculos em redor da vagina.
Quando esta primeira barreira é ultrapassada e ocorre uma penetração profunda, ocorre muitas vezes o caso de dor aguda localizada, mais predominante em algumas posições. Esta dor pode manter-se durante algumas horas após a relação sexual e há relatos de pacientes que a mantém por 48h. Há ainda quem sinta dor após o orgasmo também.
Ocorre ainda, com alguma frequência, a perda de sangue durante ou após a relação. Este sintoma poderá estar relacionado com a inflamação e extrema sensibilidade do tecido uterino.
Com a ocorrência de todos estes sintomas, começa a verificar-se um menor número de relações sexuais ou mesmo o evitar destas, devido ao medo de dor no momento do coito ou a sentimentos de culpa perante o parceiro. Frequentemente associado a este quadro encontramos sintomas de depressão e ansiedade, devido à redução da libido, da autoestima, e perda da feminilidade.
Ou seja, a um quadro de dor física extremamente doloroso, facilmente se começam a juntar componentes psicológicos que vão piorar não só o quadro físico, como toda a relação da mulher com ela mesma, com o seu corpo, com a sua doença e com o/a parceiro/a.
Por tudo isto, é urgente o acompanhamento da paciente numa equipa multidisciplinar e integrativa onde, para além do ginecologista e médico especialista, estejam integrados psicólogos, fisioterapeutas e nutricionistas, terapeutas sexuais. psicoterapeutas de casal, entre outros, na rotina das pacientes e dos seus parceiros para ajudar em todas as questões adjacentes que a doença comporta.
Se o acompanhamento for realizado de forma adequada irá ocorrer uma melhoria na sexualidade, na auto-estima, da dor, além de um melhor relacionamento com o/a parceiro/a.
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